10.6.1. Sintaxe das preposições
As preposições «a», «ante», «após», «até», «com», «contra», «de», «em», «para», «por» e «sem» e o seu uso.
Preposição «a»
Designa a pessoa ou coisa em que recai indiretamente a ação de um verbo (complemento indireto):
Ofereci um quadro a Pedro.
Usa‑se com alguns verbos transitivos, umas vezes para evitar ambiguidade ou confusão de sentido, outras por mera questão de eufonia:
Manuel feriu a José.
Emprega‑se para indicar as seguintes circunstâncias:
- lugar aonde e lugar onde:
vou a Barcelos; Pedro parou à porta da sua casa
- distância e matéria:
Coimbra fica a um passo do mar; ela sabe bordar a ouro
- tempo e modo:
o jogo será a horas; andou três quilómetros a pé
- causa e semelhança:
procedo assim a pedido de vários amigos; o vinho sabe a vinagre
- meio, preço ou instrumento:
pescar à linha; comprei o metro a 20 euros
- sucessão, ordem, seguimento:
transmitido de pais a filhos; terreno conquistado palmo a palmo
- lugar aonde e lugar onde:
Também se emprega quando corresponde:
- à preposição segundo ou conforme:
a meu ver, tudo segue bem
- à preposição sobre:
trazia um grande cesto à cabeça
- à preposição segundo ou conforme:
Preposição «ante»
Serve para exprimir:
- comparecimento:
sereno e altivo apresentou‑se ante os seus julgadores
- confronto:
a velhice é sempre a sombra cruel ante a luz forte da juventude
Preposição «após»
Indica sucessão ou seguimento:
após dias de grande tristeza, chegou agora a alegria
Preposição «até»
Esta preposição exprime:
- termo de tempo:
conservou as energias físicas até aos 70 anos
- termo de espaço:
a estrada chega até à cidade
Preposição «com»
Designa as seguintes circunstâncias:
- oposição e causa:
o artista luta com a adversidade para triunfar; ele tremia com dores
- companhia e conteúdo:
Alfredo vive com a família; uma terrina com sopa
- simultaneidade:
só acordou com o nascer do Sol
- comparação:
as mágoas dele parecem‑se com as do irmão
- meio ou instrumento e modo:
escrevia com a caneta; o artista atuou com entusiasmo
- aproximação:
Joaquim coseu‑se com o muro
Preposição «contra»
Esta preposição indica:
- oposição:
as tropas marcharam contra o inimigo
- contiguidade:
apertou‑o contra o peito
- diversidade:
este ano as receitas foram de 30 000 euros, contra 40 000 do ano passado
Preposição «de»
Exprime:
- origem e lugar donde:
sou de Viseu; venho de Portugal
- modo e causa:
reza de joelhos; ri de contentamento
- propriedade e instrumento:
a casa de Zulmira; surge, armado de lança
- tempo e matéria:
trabalha mais de inverno; relógio de ouro
- oportunidade e posição:
são horas de deitar; permaneceu de pé
- conteúdo e quantidade:
um livro de versos; é um tanque de 800 litros
- mudança e qualidade:
chateado, deixou de lhe falar; era um homem de caráter
- idade e feitio:
rapaz de 15 anos; sapatos de bico
- fim ou destino e procedência:
casa de jantar; o retrato veio‑lhe dos pais
- como partícula expletiva e nas exclamações:
pobre do homem; ai de mim
- em palavras usadas em sentido partitivo, mas que servem para designar um todo:
um pedaço de pão; um dos pianos
Preposição «em»
Designa as seguintes circunstâncias:
- tempo e lugar:
este livro foi publicado em 1998; encontro‑me em Alcobaça
- modo e fim:
pedir em segredo; lutar em defesa dos seus direitos
- estado e matéria:
algodão em rama; converter em cinza
- valor:
aquela mobília foi avaliada em 2 mil euros
Preposição «para»
Indica as seguintes circunstâncias:
- tempo e fim:
deixo o dinheiro para a velhice; comer para viver
- lugar para onde:
resolvi partir para o Funchal
- qualidade:
é um jovem para seguir grandes estudos
- comparação:
é uma criança bastante sagaz para a sua idade.
Preposição «por»
Emprega‑se para designar:
- tempo de modo vago:
regressarei a casa por estes dias
- lugar por onde:
viajou por terra e por mar
- meio e modo:
gosta de beber água por um copo; coloca os livros por ordem
- causa, fim e preço:
faltou à escola por doença; lutou pelas suas ideias; comprou o livro por 5 euros
Preposição «sem»
Contradiz o sentido de «com»:
- coordenando substantivos, pode repetir‑se ou ser substituída na repetição por «nem»:
cavalos parados, sem crinas, sem pelos, sem orelhas; sem dó nem piedade
- em vez de «sem mim», «sem ti», «sem ele» ou «sem ela», etc., para exprimir uma condição, é preferível empregar‑se «a não ser», «a menos que», «se não fosse»:
se não fosses tu, ninguém teria concordado1;
- a clareza aconselha a substituir a locução «com ou sem», com complemento comum, pela forma analítica «com… ou sem…»:
com culpa ou sem culpa todos foram punidos
E não «sem ti ninguém teria concordado».