10.6.2. A preposição na frase

São explicadas algumas regras do uso da preposição na frase (supressão, repetição e contração).

Supressão

  1. É frequente a supressão das preposições por, durante, em, nos complementos circunstanciais de tempo:

    chegará (por) um destes dias/esperei (durante) toda a semana

  2. Dispensa‑se a repetição da preposição em elementos coordenados, quando estes representam um todo:

    mistura de água e (de) vinho/com papas e (com) bolos

  3. Pode suprimir‑se a preposição «de» antes do «que» integrante, complemento de expressões do tipo «ser digno», «estar certo», por corresponderem a verbo que se pode construir sem preposições:

    sou de opinião (de) que devemos sair = (suponho, creio que devemos sair)

  4. Depois de «mais/menos», «maior/menor», «melhor/pior» é indiferente usar que ou do que a abrir a comparação:

    preocupava‑se mais em falar (do) que em ouvir

    NB:
    1. «Do que» é a forma sempre correta e a que se deve preferir quando introduza frase com verbo expresso:

      Estou mais inquieto do que tu/Trabalho mais do que tu podes supor

    2. A supressão da preposição e do seu complemento é impossível com as palavras coordenadas que exijam regências diferentes. Não se dirá, pois, natural e residente no Porto porque «natural de» exige complemento de lugar donde e «residente» complemento de lugar onde:

      Natural do Porto onde reside/Natural do Porto e aí residente

Repetição

  1. A preposição repete‑se quando os elementos coordenados forem pronomes pessoais e na maioria dos casos em que são acompanhados de artigo:

    por ti e por mim/pela força e pela violência

  2. A preposição repete‑se para avultar elementos coordenados:

    carregados de bagagens, de vitualhas, de munições

  3. Nas locuções prepositivas basta repetir o último elemento da locução:

    chegou depois de ti e do José

Contração

  1. Nunca se contraem as preposições associadas a infinitivos:

    tenho de os avisar (tenho de avisar os senhores)/Com receio de as melindrar (com receio de melindrá‑las)/No caso de o João voltar (no caso do João voltar)

  2. Embora haja contração na pronúncia de certas preposições com formas pronominais e artigos a que cumpre maiúscula, por se referirem a divindades, nomes de publicações ou de obras de arte, na escrita a contração ou não se faz ou se representa por apóstrofo:

    tem fé em Ele
    ou
    tem fé n’Ele

    li em Os Maias
    ou
    li n’Os Maias